INTRODUÇÃO
O universo pode ser compreendido de diversas formas e através do estudo de diversos campos, como a química, a física, a matemática, a biologia, a geografia, as línguas etc. É pela interseção destas áreas que conseguimos vislumbrar o real significado do que está ao nosso redor.
Isso não muda se nos ativermos ao nosso planeta. São muitas as interações desenhadas entre um organismo e outro e entre estes e o meio em que vivem. A compreensão destes mecanismos define a ecologia.
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO
Qual é a menor coisa que se pode enxergar à vista desarmada? E se utilizarmos um microscópio, será que conseguimos ver coisas ainda menores? Será que o emprego de ferramentas como colisores de partículas nos ajuda a compreender algo mais diminuto? Sim, parecem ser infindáveis as reduções que podem ser feitas até que sejam atingidas as menores partículas que compõem a matéria. No outro extremo, no entanto, também há muito o que visualizar. Como são estruturadas as populações? O que é uma comunidade? Como se estuda um ecossistema?
Todos estes são níveis de organização que serão abordados neste módulo ( figura 1).

Para entender como a dinâmica ambiental se organiza é preciso, primeiro, compreender o que determina que dois organismos sejam de uma mesma espécie. Apesar de existirem diferentes abordagens para este assunto (anatômica, fisiológica, genética etc), o conceito de espécie pode ser pautado na capacidade reprodutiva. Assim, se dois organismos são capazes de se reproduzir e geram um descendente fértil como consequência, eles pertencem à mesma espécie ( figura 2).

Duas propriedades importantes no que diz respeito à espécie são o seu habitat e seu nicho ecológico. O primeiro pode ser entendido como o local normalmente ocupado por uma espécie na natureza. Assim, mesmo que haja um leão vivendo em um zoológico, este ambiente não representa o seu habitat, pois, naturalmente, ele não se encontraria ali e, sim, na savana africana. O nicho, por sua vez, engloba o conjunto de comportamentos daquela espécie. Logo, ao
pensarmos em sua alimentação (horário, tipo de alimento, padrão de predação etc) estamos falando em parte do seu nicho. Da mesma forma, o número de parceiros reprodutivos, os horários de atividade e inatividade, o fato de voar ou não, também são todos componentes desta propriedade ( figura 3).

Assimilada a definição de espécie, podemos partir para os níveis de organização estudados pela ecologia. A população, por exemplo, é determinada por um conjunto de organismos da mesma espécie, que vivem em um determinado local ao mesmo tempo. Estes três fatores (espécie, local e tempo) são importantes, pois de nem a capacidade que estes indivíduos apresentam de trocarem material genético entre si durante a reprodução.
Uma comunidade (biocenose), por outro lado, precisa habitar o mesmo local ao mesmo tempo, mas deve incluir seres de espécies diferentes ( figura 4). As interações em uma comunidade podem envolver o predatismo, parasitismo, comensalismo, mutualismo etc, mas isto será estudado nos próximos módulos.

Por m, um ecossistema só pode ser entendido quando se analisam diferentes fatores do ambiente e não apenas os seres vivos. Desta maneira, define-se um ecossistema como o conjunto de fatores bióticos e abióticos de uma região. Enquanto os fatores bióticos compreendem todos os organismos daquele local, os fatores abióticos abrangem a parte físico-química (luminosidade, salinidade, temperatura, nível de acidez, composição atmosférica etc) que interage com os primeiros ( figura 5).

CADEIA ALIMENTAR
Dentre as diversas relações existentes em uma comunidade, uma das mais importantes é a predação. É através dela que organismos heterotróficos garantem a captação de nutrientes energéticos, construtores e reguladores para o correto funcionamento de seu organismo.
Quando se listam as interações de predação existentes em uma comunidade de forma linear e unidirecional, é descrita uma cadeia alimentar (figura 6). Para a sua representação, é importante que os organismos sejam conectados através de setas que fluem dos níveis tróficos (níveis da cadeia alimentar) mais baixos em direção aos mais altos. Como exemplo mostrado a seguir, temos planta → grilo → sapo → cobra → águia.

Toda cadeia alimentar deve apresentar os seguintes níveis tróficos: produtor, consumidor e decompositor. Os produtores são organismos autotróficos responsáveis pela captação de energia ambiental e sua conversão em uma forma química e molecular, que pode ser passada através da cadeia trófica como forma de alimento.
Os consumidores, por sua vez, são heterotróficos e se alimentam um do outro ou, na base, diretamente dos produtores. De acordo com a posição ocupada pelo consumidor, ele pode ser classificado como consumidor primário, consumidor secundário, consumidor terciário etc. Os decompositores, por m, nem sempre são representados
ao longo de uma cadeia, mas é implícita a sua presença.
Estes organismos (bactérias e fungos) também são heterotróficos, mas apresentam uma capacidade especial de quebrar as moléculas complexas (moléculas orgânicas), presentes no corpo dos produtores e consumidores, em moléculas mais simples (moléculas inorgânicas) que serão disponibilizadas no solo para a realização de processos autotróficos por organismos produtores.
Desta forma, podemos listar como características de uma cadeia alimentar o seu fluxo de energia e de matéria. Como a energia é captada pelos produtores e segue sendo consumida ao longo da cadeia alimentar, ela não pode retornar ao primeiro nível. Por isso, dizemos que o fluxo de energia é unidirecional. Quanto à matéria ocorrerá reaproveitamento. Isso acontece quando os decompositores eliminam suas formas mais simples que são empregadas na fotossíntese ou na quimiossíntese pelos produtores.
TEIA ALIMENTAR
Uma teia alimentar nada mais é que a integração entre diversas cadeias que se manifestam em uma comunidade ou comunidades adjacentes (figura 7). Ela nos mostra que um mesmo organismo pode ocupar diferentes níveis tróficos, contanto que seu nicho alimentar seja variado. Na figura a seguir, notamos que a onça se comporta como consumidor secundário ao se alimentar da zebra, mas pode atuar como consumidor terciário ao predar a raposa.
