CICLO CELULAR
Toda célula apresenta um período de vida marcado por eventos particulares que caracterizam sua capacidade e especialização. Assim, uma célula eucariótica pode encontrar-se em intérfase ou divisão.
É durante a intérfase que um determinado tipo celular desempenha suas atividades comuns. Se tomarmos um cardiomiócito (célula da musculatura estriada cardíaca) como exemplo, perceberemos que sua capacidade de contração só existe durante esta fase do ciclo. Células do fígado, como hepatócitos, também não são capazes de atuar na desintoxicação do organismo se estiverem passando pela divisão.
INTÉRFASE
Para que essas propriedades celulares sejam exploradas é necessário que o genoma nuclear esteja acessível, o que só ocorre na intérfase. Por esta razão a compreensão sobre as estruturas do núcleo interfásico é de fundamental importância.
Esta região intracelular que guarda o material genético é delimitada por uma dupla membrana de fosfolipídios, a carioteca. Internamente, encontramos o DNA associado a proteínas conhecidas como histonas, o que caracteriza a cromatina. Além dos ácidos nucleicos, o núcleo também armazena os nucléolos que são regiões nas quais ocorre a montagem de ribossomos através da associação entre RNA ribossomal (RNAr) e proteínas específicas. O espaço intranuclear, no qual se localizam as estruturas mencionadas, é preenchido por um líquido de consistência gelatinosa, similar ao hialoplasma, que aqui é chamado de nucleoplasma. Por fim, a passagem de substâncias entre o núcleo e o citoplasma depende de poros nucleares que atravessam a carioteca ( figura 1).

DIVISÃO CELULAR
CARIÓTIPO
Durante a divisão celular o acesso ao código genético fica impossibilitado, uma vez que a associação entre histonas e DNA fica cada vez maior. É durante o início desta fase que ocorre a transição de cromatina para cromossomo. Estruturalmente, tais complexos são idênticos, mas funcionalmente apresentam diferenças uma vez que os cromossomos, extremamente compactados, somente são empregáveis durante a divisão celular para que haja a separação do material genético entre células diferentes ( figura 2).

O número e os tipos de cromossomos variam de espécie para espécie e, em casos particulares, de indivíduo para indivíduo dentro de uma mesma espécie. A observação e o estudo da qualidade do material genético caracterizam o cariótipo de um indivíduo. Assim, humanos saudáveis apresentam vinte e dois pares de cromossomos autossômicos (não relacionados ao sexo) e um par de cromossomos sexuais. Como em mulheres há dois cromossomos sexuais X, isto permite a sua classi cação como o sexo homogamético (44A+XX), diferentemente do que ocorre em homens que possuem um cromossomo X e um cromossomo Y, sendo assim o sexo heterogamético (44A+XY) ( figura 3).

Observação
A presença de dois cromossomos X por célula é nitidamente desnecessária, haja vista que homens são viáveis com apenas uma cópia. Assim, a “cópia extra” presente em células femininas tende a se manter condensada mesmo durante a intérfase. Sendo este material visível ao microscópio óptico, o mesmo funciona como um marcador para identificações de material biológico, sendo conhecido como a cromatina sexual ou corpúsculo de Barr.
O tamanho e a forma de um cromossomo também funcionam como fatores fundamentais na sua classificação ( gura 4). Em um cromossomo típico há uma região ainda mais condensada, conhecida como centrômero, onde se conectarão proteínas do citoesqueleto de forma a orientar a separação do material genético durante a divisão celular. A posição do centrômero diferencia os cromossomos em:
- Metacêntricos: apresentam o centrômero localizado exatamente em sua metade, distinguindo-se dois braços de igual tamanho para cada lado;
- Submetacêntricos: apresentam o centrômero localizado abaixo de uma de suas metades, distinguindo-se um braço curto e um longo;
- Telocêntricos: apresentam o centrômero localizado próximo à extremidade de seu braço longo, sendo o comprimento de seu braço curto muito reduzido;
- Acrocêntricos: apresentam o centrômero localizado em uma de suas extremidades, distinguindo-se apenas um dos braços.

Por fim, vale ressaltar que o genoma de um organismo não é formado apenas por trechos de DNA capazes de codificar a síntese de proteínas. Tais regiões são denominadas genes e diferenciam-se das demais, não gênicas, pela responsabilidade durante a tradução de proteínas.
TIPOS DE DIVISÃO CELULAR
Existem dois tipos de divisão celular possíveis. A mitose se inicia com uma célula, considerada a célula-mãe, e termina pela sua separação em duas células- filhas que apresentam a mesma quantidade DNA que a célula original ( figura 5). Na meiose, por outro lado,uma célula-mãe, através de duas etapas seguidas de divisão, forma quatro células- filhas com metade do número de cromossomos da célula inicial (figura 6)


Usualmente, classificamos as células durante a intérfase ou divisão celular através de seu conjunto de cromossomos observados durante a cariotipagem. Por este motivo, células que possuem pares de cromossomos, como a maioria das células humanas, são chamadas diploides (2n = 46 cromossomos). Gametas humanos (espermatozoides e óvulos), por outro lado, se originam através da meiose e apresentam apenas um cromossomo de cada tipo, sendo assim células haploides (n = 23 cromossomos).